Igreja Universal distribui camisinhas e é criticada
O jornalista do Semanário Angolense e docente
Universitário Celso Malavoloneke está sendo vítima do que chama de
“perseguição judicial” movida contra ele pela
Igreja Universal do Reino de Deus em Angola.
Ele voltou aos tribunais recentemente para se defender das acusações
de calúnia e difamação contra a igreja. O motivo seriam os artigos
escritos por ele questionando algumas ações da IURD, como a vigília onde
morreram pessoas pisoteadas e a distribuição de preservativos pela
igreja.
Aliás, para ele “a IURD não é exatamente uma igreja; é uma empresa” e
que teria medo de ser denunciada por suas práticas. Católico, ele
afirma não ter um preconceito religioso e diz não entender por que nunca
foi procurado amigavelmente para discutir o assunto.
Vai mais além, afirmando que “a Universal é recorrente neste tipo de
coisas. Pelas pesquisas que fiz, há um jornalista brasileiro que já vai
no 172º processo. Por depoimentos e subsídios que recebo, até do próprio
Brasil, esta é uma táctica que a Universal usa quando se sente
particularmente atacada por um jornalista”.
O primeiro processo veio em 2009, quando reclamou publicamente de uma
campanha da igreja na ilha de Luanda, capital de Angola. Chamada “Stop
SIDA” [ou AIDS], foi realizada pela Associação Beneficente Cristã (ABC),
braço social da IURD, presidida na época pela pastora Raquel Reis.
Brasileira radicada em Angola, ela declarou “O sexo é natural, não
tem como dizer aos jovens para não fazerem sexo. Eles têm é que fazer
sexo, mas prevenidos”. A distribuição de camisinhas foi, de fato,
divulgada pela IURD como algo positivo e que, segundo Benita
Aurora, que participou da distribuição:
“estamos
a informar acerca desta doença que assola o mundo que é o SIDA, e dar a
conhecer às pessoas que existe uma solução para tudo na vida, e a
melhor forma de se precaverem é usando a camisinha”.
A matéria de Malavoloneke levava o título de “Em vez da Fé a IURD
prega o Sexo”. Para o jornalista, tal campanha era absurda e vergonhosa.
E cobrou publicamente a IURD , pois “para resolver um problema estava a
criar outro, porque, direta ou indiretamente, encorajava os jovens à
promiscuidade sexual… Até porque um adolescente não tem, ainda,
maturidade, do ponto de vista mental, para compreender estas coisas. E a
própria senhora que dirigia aquilo era uma tal pastora Raquel Reis…
Ora, não é isso que diz a nossa cultura, não é isso que dizem os nossos
valores, nem aqui, nem no Brasil”.
Em 2010 veio um novo processo. O motivo foi um artigo intitulado “As
Questões Que a IURD Não Responde”. Malavoloneke questionava: “Afinal a
IURD é igreja ou empresa? Que legitimidade ou mandato tem ela para
afixar preços pelos “serviços” salvíficos de Cristo ou qualquer outra
deidade? Ao cobrar por serviços assim tão intangíveis incorre ou não em
burla? E ao publicitar esses serviços incorre ou não em publicidade
enganosa? O seu lucro e o dinheiro obtido dessa forma é limpo ou sujo?
Devia ou não
pagar
impostos, como todas as empresas geradoras de lucros? Pode ou não pode
exportar as grandes somas de dinheiro para o exterior? E, já agora, não é
a
Bíblia que
diz “o que a tua mão direita fizer não saiba a esquerda”? Porquê então
basta a IURD doar um prato de comida a um faminto, todos os jornais
trazem o respectivo anúncio gráfico na semana seguinte? E pago, ainda
por cima?”
E por fim, ele assevera “a Igreja Universal é uma instituição que
persegue o lucro. E mais, é uma igreja que estabelece preçários sobre os
milagres de Jesus Cristo. Se você quiser ter marido pague X, se você
quiser escapar-se do feitiço pague Y, se você quiser ter filho pague X”.
No início deste ano, um novo processo. O motivo foi sua cobrança das
autoridades pelas mortes ocorridas na “vigília o Dia do Fim”, realizada
na virada do ano e que vitimou 16 pessoas por esmagamento e asfixia.
O
governo, de fato, responsabilizou a IURD pelas mortes no Estádio da
Cidadela, fechando suas igrejas e de outras denominações por 60 dias em
Angola.
A nova provocação de Malavoloneke é acusar a IURD de “propaganda
enganosa”. “Então você analisa aquilo e eu desafio quem queira dizer que
não, aquela publicidade para a vigília na Cidadela dizia, tão somente,
que olha, se você não vier a esta vigília todas as coisas a que nós
vamos dar o fim você não verá o seu fim, que é o feitiço, a falta de
emprego, que é o não sei o quê… isto é, tecnicamente, publicidade
enganosa. E num país organizado, a instituição reguladora da publicidade
já teria feito uma petição ao Ministério Público para que se fizesse
uma investigação. Principalmente depois de ter causado um desastre
daqueles de que já não ouvíamos falar desde o fim da guerra”,
sentenciou.
Com informações IURD Angola e Semanário Amgolense.
por
Jarbas Aragão
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