Igreja estará entre as primeiras casas
episcopais a implantar um novo rito de casamento para gays, lésbicas,
bissexuais e transgêneros; medida foi alvo de críticas entre
conservadores.
A Catedral Nacional de Washington, onde os
americanos se reúnem para lamentar suas tragédias e celebrar novos
presidentes, começará em breve a realizar casamento homossexuais.
Funcionários
da catedral disseram à agência Associated Press que a igreja estará
entre as primeiras casas episcopais a implementar um novo rito de
casamento para seus membros gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. A
igreja anunciou sua nova política no início de janeiro.
Sendo a
igreja mais proeminente dos EUA, a decisão é bastante significativa. A
catedral de 106 anos de idade, tem sido um centro espiritual, hospedou
cerimônias de posse presidenciais e funerais dos presidentes Ronald
Reagan (1981-1989)e Gerald Ford (1974-1977). O reverendo Martin Luther
King Jr., o líder dos direitos civis, deu seu último sermão lá em 1968. A
catedral atrai centenas de milhares de visitantes todos os anos.
O Reverendo Gary Hall, reitor da catedral, disse que a realização de casamentos do mesmo sexo é uma
oportunidade para quebrar barreiras e construir uma comunidade mais inclusiva, "que reflete a diversidade do mundo de Deus".
"Eu
li a Bíblia tanto quanto muitos fundamentalistas o fizeram", Hall disse
à AP. "E a minha leitura da Bíblia me leva a querer fazer isso, pois eu
acredito que isso é estar sendo fiel ao tipo de comunidade que Jesus
desejou que fossemos."
Realizar casamentos do mesmo sexo vai além
da Igreja Episcopal, disse Hall. O movimento também é uma oportunidade
para influenciar a nação.
"Como uma espécie de igreja central na
capital do país, dizer que estamos realizando casamentos homossexuais,
dando a bênção a casamentos do mesmo sexo, irá demonstrar que estamos
dando o próximo passo em direção à igualdade de casamento no país e na
cultura americana", disse Hall.
Já que o casamento homossexual é
legal na catedral do Distrito de Colúmbia e em nove Estados, incluindo
Maryland , o bispo episcopal de Washington decidiu em dezembro permitir
uma expansão do sacramento do matrimônio cristão. De acordo com líderes
da igreja, a mudança é permitida sob uma "opção local" concedida pela
Convenção Geral da Igreja. Cada sacerdote na diocese pode então decidir
se realizará uniões do mesmo sexo.
Provavelmente ainda irá
demorar de seis meses a um ano antes que os primeiros casamentos
homossexuais sejam realizados na catedral, devido à sua agenda lotada e
sua exigência de aconselhamento pré-marital. Geralmente, apenas os
casais afiliados à catedral são elegíveis. Os líderes da igreja não
haviam recebido nenhum pedido para casamentos homossexuais antes do
anúncio.
A prefeitura não está contando com quaisquer objeções
dentro da congregação Catedral Nacional, mas disse que a mudança pode
atrair críticas de fora. Pode ser divisória para alguns, assim como foi
pregar contra a segregação racial ou pressionar pela ordenação de mulheres, disse Hall.
A
conservadora Organização Nacional para o Casamento, que se opõe ao
casamento homossexual, disse que a mudança da catedral foi
"decepcionante, mas não surpreendente", dada a direção da Igreja
Episcopal.
Aproveitando o destaque nacional da catedral, o
porta-voz Thomas Peters disse que o anúncio do casamento era "uma
oportunidade para que as pessoas acordassem para o que está acontecendo
no mundo". "Isso nos lembra de que o casamento é realmente uma decisão
de tudo ou nada", disse.
"Será que os EUA querem manter sua tradição de casamento ou desistir dela de vez?"
A
Igreja Episcopal com base em Nova York é um órgão americano com 77
milhões de membros da Congregação Anglicana. A Câmara dos Bispos votou
no ano passado em 111 contra 41 para autorizar um rito provisório para
uniões do mesmo sexo.
Algumas congregações abandonaram a Igreja
com a inclusão de homossexuais e lésbicas ao longo dos anos. O casamento
do mesmo sexo realizado pela primeira vez no mês passado na Capela
Cadet de West Point atraiu alguns protestos por parte dos conservadores.
A Catedral Nacional chama ainda mais a atenção.
A Campanha Para
os Direitos Humanos, o maior grupo de direitos dos homossexuais da
nação, aplaudiu a mudança adotada pela catedral. "A igreja enviou uma
mensagem simples, porém poderosa, para todos GLSTs: vocês são amados
como são", disse o reverendo MacArthur Flournoy, vice-diretor do
programa de religião e fé do grupo.
Fonte: Último Segundo